OS LUGARES NÃO DÃO A VER
Os lugares não dão a ver. Tinta acrílica sobre tela, 297 cm x 42 cm cada (políptico de 8 telas), 2023.
“os lugares não dão a ver” — políptico composto por oito pinturas —, nos permitem acionar zonas de proximidade, articulação entre um lado e outro, entre o dentro e o fora, entre a paragem e a passagem. Lugares e coisas que podem articular movimentos circulares, de ida e volta, diagonais, para a direita ou esquerda; e são também campos de cor que podem potencializar o encontro. Entre vermelho e azul — cores primárias que formam massas de cor em espaços que podem ser de encontro, de fuga e de solidão — temos uma zona púrpura imaginária. Velocidade, direcionamento, ritmo, fluxo e delírio foram alguns dos elementos definidores para a escolha das representações simbólicas desta série: mesa, escorregador, ponto de ônibus, porta, roda gigante, trilho de trem, catraca, escada. Os chapados de cores e seus contrastes, os traços limpos e bem definidos das formas, o uso de uma paleta gris reduzida, tudo isso contribuiu para que essas pinturas ganhassem um contorno de arte gráfica, chegando muito perto da estética proporcionada pela serigrafia. Nesses lugares que não dão a ver, a perturbação causa atração, e um compromisso interno que se dá entre o movimento, a estagnação e a sugestão de instabilidade. Perturbações essas que podem entrar em colapso ou permanecer em um estado cíclico psíquico, um convite a encontrar sistemas entrópicos que encontram o equilíbrio ali, bem perto do caos.