Desaquenda
Vulcanica Pokaropa
Release_Com acompanhamento dos curadores e jurados Kamilla Nunes e Fábio Morais, “Desaquenda” foi Idealizada a partir da necessidade de se apresentar outras referências artísticas que valorizem a representação do trabalho de pessoas trans, travestis e não binárias. Composta por novas obras e pela série documental que dá nome à exposição e que nasce a partir do trabalho de mestrado da performer, compositora e produtora Vulcanica Pokaropa, que explica que “a exposição é um manifesto para que naturalizem nossas estadias nos lugares, para que vejam que mesmo não querendo, estamos sim ocupando outros espaços fora da marginalidade e fazendo isso com maestria.”
Em matéria publicada na revista Select em janeiro, a jornalista Paula Alzugaray explica que estudos realizados em 2017 apontam a crueldade com que os casos de homicídio envolvendo tortura, espancamento, sufocamento, esquartejamento e mutilação de minorias são praticados no país. Paula relaciona a trajetória de dor, violência e sofrimento a que esses corpos vulnerabilizados e marginalizados são submetidos à incapacidade do Estado e da sociedade brasileira de interromperem a violência de gênero, e vê surgir no campo da arte uma série de “revoltas em sinergia”, praticadas coletivamente por artistas que criam a partir de situações extremas.
Grande parte desses artistas citados por Alzugaray são entrevistados na série de Vulcanica, trazem sua visão sobre temas como transgeneridades, negritude, sexualidade, indigenismo, direito à cidade e dignidade LGBT+, e explicam como reencenam situações reais em jogos físicos intensos que exteriorizam a angústia da violência vivenciada nos próprios corpos, transmitindo ao público sentimentos de sofrimento e repulsa. “A maioria das pessoas fica em choque. Acham agressivo demais, sujo demais, acham que não é arte, mas essas pessoas estão no lugar que eu quero que elas estejam, que é esse lugar de incômodo”, diz Bruna Kury no documentário em um dos vídeos de @desaquenda (2018).
Curadoria
Kamilla Nunes e Fabio Morais
Prêmio AF de Arte Contemporânea
2018 | Memorial Meyer Filho