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15º Salão Nacional de Artes de Itajaí

Realizar um “Salão de Artes” hoje pode soar estranho e desalinhado com a contemporaneidade e com as necessidades do campo artístico, uma vez que sua origem remonta ao início da República e que os Salões Nacionais de Artes Plásticas só passaram a aceitar a pluralidade das manifestações artísticas a partir dos anos 1980 – mas seguiram com as distinções entre linguagens, como “pintura”, “cerâmica”, “escultura”, “desenho” etc. -, premiando as/os artistas consideradas/os “melhores” em suas categorias.

A ideia de um evento que se denomina como “salão” está, na maioria das vezes, associada a essa origem herdada das Belas Artes, posteriormente das Artes Plásticas — que exibe geralmente um conjunto de obras prontas ou consideradas finalizadas. Mesmo que haja uma seleção de trabalhos que acompanham movimentos, formatos, suportes e questões atualizadas e modificadas conforme seu tempo, existe uma questão crucial para a arte contemporânea: seu meio (ou modo) de produção. Na medida em que percebemos o quanto a pesquisa e o processo artístico se tornam constitutivos dos trabalhos, percebemos a necessidade de trazê-los também como parte integrante do 15º Salão Nacional de Artes de Itajaí.

A pergunta que sempre nos coube fazer durante a criação do 15º SNAI foi: é possível mover os pilares que sustentam as noções ultrapassadas de “salão” de artes sem derrubar toda a sua estrutura histórica? Como curadoras e artistas que trabalham com diversas linguagens no campo das artes e que atuam em diferentes espaços que configuram o sistema das artes – escolas, museus, galerias, espaços autônomos etc. - ampliar e adaptar o formato desse salão foi um dos nossos principais desafios.

“Ampliar” significava acompanhar o desenvolvimento, os procedimentos e as possibilidades de construção dos trabalhos dos artistas, para além de receber apenas obras “prontas”, “finalizadas”, “acabadas”. Já “adaptar” se inscreve nos modos de lidar com uma exposição de arte em tempos pandêmicos. A impossibilidade de fazer uma exposição presencial nos levou à virtual, e em decorrência, a um problema: como expor obras que não foram criadas especificamente para o ambiente virtual? Podemos considerar que uma exposição na web é uma tradução?

O deslocamento costuma provocar transformações, seja no tempo, no espaço, na matéria, ou no corpo daquilo que é deslocado. Neste salão, priorizamos processos criativos de diversas naturezas, pesquisas que se relacionam ora por temas, ora por metáforas, ora por questões estéticas e políticas; há também distanciamento e dissenso, contraste e conflito. No fim, essa é uma exposição organizada por meio de redes de instabilidade, da qual, sabemos, a arte também é feita.

Pinturas escritas; fotografias em queda, narradas, sequenciadas em formato de GIF; cartas não enviadas e transformadas em vasos; obras transmídias que buscam expandir os sentidos do público; outras, ainda, que transbordam numa triangulação entre fronteiras e línguas; o retrato de um Brasil desgastado; experiências de escritas que recombinam palavras para gerar outras possibilidades de leitura crítica; uma legenda que não cumpre seu papel, mas que é incorporada à imagem; os conflitos identitários que se apresentam como um retrato que ressurge no pardo do papel e da história; as possibilidades de revirar o passado para presentificar futuros; planos fixos que fixam momentos do cotidiano de pessoas e lugares; a criação de poemas por programas de computador, poemas burocráticos que lidam com uma dimensão ainda maior, a da crítica institucional. 

Esses são apenas alguns dos procedimentos encontrados nestes processos criativos à qual nos referimos, reunidos com a intenção de ativar lugares ainda inabitados em nós. Mas de que maneira um salão de arte contribui com o campo da educação na construção da omnilateralidade, uma perspectiva crítica que busca ampliar nossa sensibilidade e caminhar para a superação da alienação nas práticas pedagógicas?

Na intenção de borrar os limites tradicionais entre arte e educação, buscamos olhar para o 15º SNAI como um espaço público e responsável pela produção de conhecimento dentro e fora do campo da arte. A criação de zonas de contato entre as práticas artísticas e os processos formativos em arte nos motivaram a abrir espaço para que as/os artistas propusessem conversas, oficinas, debates e cursos sobre arte contemporânea e a realidade em que vivemos.

Deste modo, na inscrição para a categoria “Exposição”, quinze artistas apresentaram obras que foram organizadas em uma plataforma virtual, e que podem ser vistas também aqui, neste catálogo. Em “Bolsa de Produção”, três artistas ocuparam a plataforma com propostas artísticas em andamento: esboços, descrição de etapas, planos e materiais que revelavam algum processo artístico iniciado, mas que ainda não se encontram em formato de apresentação pública. Já em “Proposição Formativa”, selecionamos cinco propostas pensadas e executadas por artistas, que articulam questões sobre fotografia, desenho, jogos, programação digital, arte correio, corpo, interatividade e texto. Destas atividades puderam participar crianças, jovens, estudantes de arte, artistas, professores e pessoas interessadas em experimentar práticas artísticas que dialogam com a contemporaneidade.

Fez parte da programação do 15º SNAI, também, o “Programa Encontra”, que promoveu um espaço de conversa entre jovens curadoras brasileiras, com transmissão ao vivo pelo canal de YouTube da Fundação Cultural de Itajaí.

 

Curadora Geral Kamilla Nunes

Curadora Adjunta Gabi Bresola

Curadora Pedagógica Sofia Brito

 

EXPOSIÇÃO

A Transälien

Bruno Novaes

Djuly Gava

Escada

Flávia Scóz

Fran Fávero

Gabriel Villas

Juliano Ventura

Maria Macêdo

Marília Scarabello

Marjô Mizumoto

Mauricio Igor

Milla Jung

Osmar Domingos

Pontogor

 

BOLSA DE PRODUÇÃO

Companhia Descolonizadora

Desali

Eranos

 

PROPOSIÇÃO FORMATIVA

Andrea May

Jorge Bucksdricker

Lilian Barbon

Marcelo Brito

Ursula Jahn

 

PROGRAMA ENCONTRA

Ana Maria Maia

Beatriz Lemos

Pollyana Quintella

BAIXE AQUI

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